sexta-feira, 23 de abril de 2010

Re: Elightment

Ele acorda e se pergunta onde está. As paredes apertam, sufocam, prendem e soltam. A solidão prende seu mundo. As escolhas o sufocam. A mudança solta o aperto no peito.

"Onde estão as cores"? Ele pergunta. O sangue pulsa em sua garganta. Três vezes ensaia um passo. Treme imóvel. "Aqui está ótimo". Pensa. "As paredes me cobrem do jeito que sou". Arrisca.

"Há uma janela, já sei como sair". Ele já pode ouvir o som dos vidros ao chão. "Envelheceria aqui"? E pensa derrepente em pedir socorro, mas quem ouviria? Talvez ele mesmo. Mas algo ainda o incomoda em meio das paredes que o cobrem. Seriam os tijolos ou a argamassa? Não importa, no momento em que se unem são a mesma coisa. Se os separar, será uma quebra. O mesmo não mais existirá, tão só uma ponta faltante, ou um formato incompleto.

Agora, seus olhos, aqueles com ligação direta com o pensar (momento mais íntimo do universo), não enganam as escolhas do corpo. Fitam, petrificantes, uma janela (o símbolo do desconhecido). Suas lágrimas vacilam e simplesmente não descem. Estáticas como lentes que querem mudar o caminho, enxergar o lá fora.

O ar cada vez mais forte, entra atrapalhado em seu pulmão. Vem úmido, porém frio. Típico cheiro do medo. O tempo passa, o espaço inalterável. "Que aperto"! Com as mãos no peito, ele não sabe se vem de fora ou de dentro.

Micro-chamas levemente bombardeiam sua inspiração. A dúvida padece sob as paredes frias. E a descoberta: "Vem de dentro, vem de dentro". Insiste pra si mesmo.

Ele não escuta mais nada, somente o pulso em sua garganta. Não vê nada além de seus limites. Sua voz não sai, pois não há necessidade. E agora sente que não está mais tão sozinho. Naquele momento, ele e suas paredes, envolvidos pela paixão. Não importa o mundo agora.

A paixão começa assim, com um frio na barriga. Nada se enxerga, tudo é inaudível. Só se sente, só isso. E já é o bastante pra acabar com um corpo que não suporta, ou uma alma que não entende.

Enquanto não for, ela perturba. Não nos deixa ver o que estava a um passo de nós. E ela, a paixão, que passou queimando sua pele agora o mudou pra sempre. O caminho agora está claro, as paredes são só um limite, o corredor, só um caminho.

"Ela se foi, ou está indo?". Ele ainda não sabe, mas esse é o mundo de quem ama. Aperta sufoca, prende e solta.

Mesmo insatisfeito, ele senta de pernas cruzadas com o corpo encostado na parede. Fecha os olhos. E adormece para sempre.

(A sua alma ainda não se entendeu e o seu corpo ainda não suporta o lá fora)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Hoje é segunda?


Vem, oh vontade de ficar
diz o que coça de manhã
janela, aberta, vento sul
coberta, seu corpo em mim

Badalam, sincopas, sinos
não carece o reclamado
não saio antes de outrora

Vida ao lado, as vezes atrás
vez anda, só para uma vez

Espera, antes, já calçada

Volto ao meu sonho, tento
encontrar onde paramos
começo outro, bem melhor
Sonhos quebrados não voltam!

Deixa lá fora, a hora que
digo o que coça de manhã:
É o não acordar...

(se for o caso) o não levantar...
(se for mais tarde) o não viver...

(pelo menos) na segunda-feira!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

The name of the game

  • Carmen figuratum (plural: carmina figurata) is a poem that has a certain shape or pattern formed either by all the words it contains or just by certain ones therein (...)
    See also:
    • Concrete poetry or shape poetry is poetry in which the typographical arrangement of words is as important in conveying the intended effect as the conventional elements of the poem, such as meaning of words, rhythm, rhyme and so on (...)
      See also:
      • A calligram is a poem, phrase, or word in which the typeface, calligraphy or handwriting is arranged in a way that creates a visual image. The image created by the words expesses visually what the word, or words, say (...)


Regras do jogo? Apenas uma:
Um texto, uma imagem. Olho por olho. Dente por dente.

Text by Flavio!
Photo by lsetani