-Admirável Público!
-Hoje, aqui mesmo, onde estão sentados os senhores acontecerá o evento do século...cada um de vocês se surpreenderá...os dias não serão os mesmos...as noites terão mais graça! Cada centavo pago vai valer a pena!
-Senhoras e senhores.....apresento....
(não se ouve uma respiração, não se sente uma transpiração, um suspiro eterno em toda a platéia)
(o apresentador, com os dois braços levantados olha para o céu)
-O grande....
-O temível...
-O desconhecido...
(a platéia quase explode de tanto êxtase e adrenalina quando ele finalmente berra sua voz gritando a atração do dia)
-O......
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Um caminho, duas distâncias
Arranquei os sapatos, soltei minha capa, enterrei-os ao lado de um pé de acerola. Lembra? Esse aí bem na sua janela. Calcei seus chinelos, quase arrebentaram, e fui. Assim mesmo, desse jeito. Vestindo uma camisa sua, daquelas rasgadas e cortadas, e fui.
Era saudade. Eu queria entrar na sua roupa, sentir o vento como você, sorrir ao céu como você. Mesmo sem querer, ou sem saber. Só queria ser você. Tudo isso pra tentar entender um pouco como você amarra o lápis aos cabelos. Era a chave do entendimento. Depois me ensinaram o não enteder e não aprendi.
Hoje estamos assim, eu e você sentados em um sofá amarelo de dois lugares. De um lado fotos, do outro o mundo. E nós atrás um do outro. Trouxe aquilo que você falou? Tenho um presente pra você. Adivinha: o que não se pode tocar e não se pode ver? Você que pediu faz uns dias.
Que você tem? Me conta! É coisa boa? Não né! Aconteceu alguma coisa? É comigo? E aquela promessa? Tudo ia se acertar! Por que agora? Eu vim até você, segui os livros. Calcei "chinelas", tomei "champanhas". E, por fim?
Descansei... Achei que tivesse chegado. Lá! Do outro lado.
Na verdade não. Era só a travessia! O pior é que me risquei dos mapas. E agora não sei mais o caminho de casa.
Era saudade. Eu queria entrar na sua roupa, sentir o vento como você, sorrir ao céu como você. Mesmo sem querer, ou sem saber. Só queria ser você. Tudo isso pra tentar entender um pouco como você amarra o lápis aos cabelos. Era a chave do entendimento. Depois me ensinaram o não enteder e não aprendi.
Hoje estamos assim, eu e você sentados em um sofá amarelo de dois lugares. De um lado fotos, do outro o mundo. E nós atrás um do outro. Trouxe aquilo que você falou? Tenho um presente pra você. Adivinha: o que não se pode tocar e não se pode ver? Você que pediu faz uns dias.
Que você tem? Me conta! É coisa boa? Não né! Aconteceu alguma coisa? É comigo? E aquela promessa? Tudo ia se acertar! Por que agora? Eu vim até você, segui os livros. Calcei "chinelas", tomei "champanhas". E, por fim?
Descansei... Achei que tivesse chegado. Lá! Do outro lado.
Na verdade não. Era só a travessia! O pior é que me risquei dos mapas. E agora não sei mais o caminho de casa.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Re: Elightment
Ele acorda e se pergunta onde está. As paredes apertam, sufocam, prendem e soltam. A solidão prende seu mundo. As escolhas o sufocam. A mudança solta o aperto no peito.
"Onde estão as cores"? Ele pergunta. O sangue pulsa em sua garganta. Três vezes ensaia um passo. Treme imóvel. "Aqui está ótimo". Pensa. "As paredes me cobrem do jeito que sou". Arrisca.
"Há uma janela, já sei como sair". Ele já pode ouvir o som dos vidros ao chão. "Envelheceria aqui"? E pensa derrepente em pedir socorro, mas quem ouviria? Talvez ele mesmo. Mas algo ainda o incomoda em meio das paredes que o cobrem. Seriam os tijolos ou a argamassa? Não importa, no momento em que se unem são a mesma coisa. Se os separar, será uma quebra. O mesmo não mais existirá, tão só uma ponta faltante, ou um formato incompleto.
Agora, seus olhos, aqueles com ligação direta com o pensar (momento mais íntimo do universo), não enganam as escolhas do corpo. Fitam, petrificantes, uma janela (o símbolo do desconhecido). Suas lágrimas vacilam e simplesmente não descem. Estáticas como lentes que querem mudar o caminho, enxergar o lá fora.
O ar cada vez mais forte, entra atrapalhado em seu pulmão. Vem úmido, porém frio. Típico cheiro do medo. O tempo passa, o espaço inalterável. "Que aperto"! Com as mãos no peito, ele não sabe se vem de fora ou de dentro.
Micro-chamas levemente bombardeiam sua inspiração. A dúvida padece sob as paredes frias. E a descoberta: "Vem de dentro, vem de dentro". Insiste pra si mesmo.
Ele não escuta mais nada, somente o pulso em sua garganta. Não vê nada além de seus limites. Sua voz não sai, pois não há necessidade. E agora sente que não está mais tão sozinho. Naquele momento, ele e suas paredes, envolvidos pela paixão. Não importa o mundo agora.
A paixão começa assim, com um frio na barriga. Nada se enxerga, tudo é inaudível. Só se sente, só isso. E já é o bastante pra acabar com um corpo que não suporta, ou uma alma que não entende.
Enquanto não for, ela perturba. Não nos deixa ver o que estava a um passo de nós. E ela, a paixão, que passou queimando sua pele agora o mudou pra sempre. O caminho agora está claro, as paredes são só um limite, o corredor, só um caminho.
"Ela se foi, ou está indo?". Ele ainda não sabe, mas esse é o mundo de quem ama. Aperta sufoca, prende e solta.
Mesmo insatisfeito, ele senta de pernas cruzadas com o corpo encostado na parede. Fecha os olhos. E adormece para sempre.
(A sua alma ainda não se entendeu e o seu corpo ainda não suporta o lá fora)
"Onde estão as cores"? Ele pergunta. O sangue pulsa em sua garganta. Três vezes ensaia um passo. Treme imóvel. "Aqui está ótimo". Pensa. "As paredes me cobrem do jeito que sou". Arrisca.
"Há uma janela, já sei como sair". Ele já pode ouvir o som dos vidros ao chão. "Envelheceria aqui"? E pensa derrepente em pedir socorro, mas quem ouviria? Talvez ele mesmo. Mas algo ainda o incomoda em meio das paredes que o cobrem. Seriam os tijolos ou a argamassa? Não importa, no momento em que se unem são a mesma coisa. Se os separar, será uma quebra. O mesmo não mais existirá, tão só uma ponta faltante, ou um formato incompleto.
Agora, seus olhos, aqueles com ligação direta com o pensar (momento mais íntimo do universo), não enganam as escolhas do corpo. Fitam, petrificantes, uma janela (o símbolo do desconhecido). Suas lágrimas vacilam e simplesmente não descem. Estáticas como lentes que querem mudar o caminho, enxergar o lá fora.
O ar cada vez mais forte, entra atrapalhado em seu pulmão. Vem úmido, porém frio. Típico cheiro do medo. O tempo passa, o espaço inalterável. "Que aperto"! Com as mãos no peito, ele não sabe se vem de fora ou de dentro.
Micro-chamas levemente bombardeiam sua inspiração. A dúvida padece sob as paredes frias. E a descoberta: "Vem de dentro, vem de dentro". Insiste pra si mesmo.
Ele não escuta mais nada, somente o pulso em sua garganta. Não vê nada além de seus limites. Sua voz não sai, pois não há necessidade. E agora sente que não está mais tão sozinho. Naquele momento, ele e suas paredes, envolvidos pela paixão. Não importa o mundo agora.
A paixão começa assim, com um frio na barriga. Nada se enxerga, tudo é inaudível. Só se sente, só isso. E já é o bastante pra acabar com um corpo que não suporta, ou uma alma que não entende.
Enquanto não for, ela perturba. Não nos deixa ver o que estava a um passo de nós. E ela, a paixão, que passou queimando sua pele agora o mudou pra sempre. O caminho agora está claro, as paredes são só um limite, o corredor, só um caminho.
"Ela se foi, ou está indo?". Ele ainda não sabe, mas esse é o mundo de quem ama. Aperta sufoca, prende e solta.
Mesmo insatisfeito, ele senta de pernas cruzadas com o corpo encostado na parede. Fecha os olhos. E adormece para sempre.
(A sua alma ainda não se entendeu e o seu corpo ainda não suporta o lá fora)
sábado, 17 de abril de 2010
quarta-feira, 14 de abril de 2010
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